Vamos frustrar ​​​​​​​as nossas crianças! - Rute Agulhas

Vamos frustrar ​​​​​​​as nossas crianças! (dn.pt)

Muitos pais acreditam que a frustração faz mal aos seus filhos e, por isso mesmo, raramente os contrariam. Dizem “sim” a quase tudo os que os filhos pedem, mesmo quando são pedidos irrazoáveis e excessivos, e cedem perante as situações mais problemáticas, deixando-os “ganhar”. E é desta forma que surgem as “crianças-rei”, que crescem a acreditar que têm mesmo o rei dentro da barriga e se tornam, muitas vezes, em adolescentes e adultos autocentrados, impulsivos e com baixa tolerância à frustração.

Mas a frustração não faz mal às crianças e é, aliás, muito recomendável.

A vida envolve alegrias e tristezas, ganhos e perdas, conquistas e fracassos. E quando tentamos proteger em demasia as nossas crianças, colocando-as em redomas de vidro para que não experienciem qualquer sofrimento, acabamos por desprotegê-las ainda mais. Apesar das boas intenções, acabamos por aumentar a sua vulnerabilidade face às adversidades próprias da vida.

A vida envolve alegrias e tristezas, ganhos e perdas, conquistas e fracassos. E quando tentamos proteger em demasia as nossas crianças, colocando-as em redomas de vidro para que não experienciem qualquer sofrimento, acabamos por desprotegê-las ainda mais.

Todas as crianças precisam de ferramentas que as ajudem a lidar com situações mais difíceis, como sejam estratégias de resolução de problemas, sabendo esperar pela sua vez e respeitando os direitos dos outros. Ainda, aprender a regular as suas emoções, de modo a expressá-las de uma forma ajustada e assertiva. Podemos também acrescentar aqui a importância em saber adiar o prazer.

E todas estas ferramentas envolvem tolerância à frustração.

É por isso que, desde cedo, as crianças devem ser frustradas, ainda que de modo gradual, em doses pequenas e ajustadas à sua idade e maturidade. Só desta forma podem crescer e aprender que não são o centro do universo e que os seus direitos são, afinal de contas, tão iguais aos direitos dos outros.

Psicóloga clínica e forense, terapeuta familiar e de casal

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