A Importância do Brincar para um Saudável Desenvolvimento da Criança - PsicoSoma


Artigo da PsicoSoma

A relevância do ato de brincar para o desenvolvimento saudável das crianças é um tema cada vez mais discutido, e diversos especialistas de diferentes áreas têm realizado pesquisas para comprovar essa ideia. Eles destacam que, por meio das brincadeiras, as crianças aprendem de forma mais eficaz, ao mesmo tempo em que estimulam o seu desenvolvimento cognitivo, motor, emocional e social.

Atualmente, os momentos de brincadeira têm sido cada vez mais substituídos e invadidos pelas novas tecnologias. As crianças passam inúmeras horas em frente a uma tela, que captura sua atenção de maneira intensa. É fundamental mudar essa realidade e assegurar que a "brincadeira digital" inclua também momentos de atividade física e exploração, com joelhos esfolados, como acontecia nas boas e velhas brincadeiras do passado.

Brincar é amplamente reconhecido como essencial para um desenvolvimento neurológico adequado, especialmente no que diz respeito às áreas motoras, cognitivas, linguísticas, sociais e emocionais. As aquisições relacionadas ao neurodesenvolvimento são mais relevantes e duradouras quando ocorrem em contextos de aprendizagem naturais, que promovam uma inclusão social plena, respeitem os interesses da criança e aproveitem as oportunidades das suas rotinas diárias. A aprendizagem por meio do brincar torna-se mais simples, intuitiva e eficaz, graças ao seu caráter recreativo, prazeroso, espontâneo e exploratório. Brincar é, portanto, o meio natural e espontâneo através do qual as crianças exploram o mundo ao seu redor, aprendem a partir das próprias experiências e desenvolvem suas capacidades de planejamento e execução prática.


O livro “Programa de Atividades Lúdicas para as Competências Pré-Académicas, Emocionais e Psicomotrasé o resultado de um trabalho de uma equipa especializada em Neurodesenvolvimento infantil com diferentes formações académicas (psicóloga, psicomotricistas, professora de educação especial, coach parental) e com uma vasta experiência em intervenção terapêutica com crianças. Destina-se a pais, educadores, professores e a todos aqueles que se interessam pelo desenvolvimento da criança. Trata-se de uma compilação de atividades que promovem a aprendizagem através do Brincar com base nas Orientações do Ensino Pré-escolar.

 

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A relação entre o brincar livre e estruturado é ilustrada de forma clara através de propostas de ação no quotidiano da prática pedagógica, servindo como base para as aquisições fundamentais da aprendizagem exploratória nos campos da inteligência emocional, linguagem oral e escrita, habilidades lógico-matemáticas, percepção, atenção, memória e relaxamento. As autoras desta publicação apoiam-se em suas experiências académicas e profissionais, destacando a importância que atribuem ao brincar como a estratégia ideal para uma aprendizagem inteligente, reflexiva e que estimule a adaptabilidade e a criatividade.

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A escola enfrenta dificuldades em justificar a inclusão de atividades lúdicas no contexto educacional. O brincar é frequentemente relegado a uma escolha opcional, permitida apenas após as crianças concluírem as suas "tarefas". Estar motivado, entusiasmado e se divertindo muitas vezes não é visto como um comportamento adequado em ambientes de aprendizagem formal, o que reforça a visão de que o brincar não é uma parte essencial do processo educativo.

Perguntamo-nos por que razão separamos de maneira tão rígida os momentos letivos dos recreativos, se as experiências que trazem prazer e satisfação são justamente aquelas que mais facilmente se transformam em aprendizagens significativas. Por isso, o brincar não deve ser visto apenas como uma pausa para relaxamento ou mero entretenimento, mas como um elemento fundamental que facilita aprendizagens essenciais e profundas.

Segundo Carlos Neto, Professor Catedrático na Faculdade de Motricidade Humana, “alterar substancialmente o prazer das crianças aprenderem e gostar de estar e deslocar-se para a escola, implica uma mudança de atitude em promover experiências mais ativas e colaborativas, mais consciência dos problemas ambientais, reconhecimento das diferenças individuais, integração cultural, mais relação com a natureza, aumento da mobilidade escolar e urbana autónoma, ultrapassagem de preconceitos relacionados com o risco e maior conciliação entre o tempo familiar, escolar, laboral e de lazer. Nestes níveis de escolaridade, o "motor inteligente" que permite alcançar um ambiente escolar com entusiasmo e participação, reside na existência de uma "atitude e ambiente lúdico" em todo o processo de vida escolar. Aprender através do brincar é uma estratégia muito séria e não pode ser desvalorizada pela comunidade educativa como um mero passatempo ou tempo inútil. O brincar promove intrinsecamente em cada criança uma predisposição motivacional favorável para estar disponível para aprender. Se existir empatia (vinculação afetiva) do adulto e um contexto sedutor de propostas e tarefas, a aprendizagem torna-se mais profunda e melhor assimilada a curto, médio e longo prazo.

Para Carlos Neto, “as crianças enquanto brincam não diferenciam o brincar de aprender. Elas aprendem porque se entusiasmam (energia biológica inata) e divertem-se através do prazer (controlo e libertação do corpo que (des) conhecem), através de um processo de autodeterminação e autoaprendizagem na solicitação de mecanismos internos que exige a regulação e controlo emocional. Muitas brincadeiras e jogos na infância, podem assumir várias características em função do seu objetivo, contexto de ação e solicitação de operações sensoriais, motoras, perceptivas, cognitivas e sociais. Brincar de forma livre é testar o impossível, os limites do corpo em ação e assegurar a fuga à realidade (suspensão da mente em narrativas simbólicas ilimitadas), para dar significado e ser capaz de interpretar a realidade do seu "eu", dos outros, dos objetos e do mundo que as rodeiam.”

O brincar estruturado oferece muitas vantagens pedagógicas e terapêuticas, especialmente quando há objetivos ligados a aquisições escolares. A principal diferença entre o brincar livre e o estruturado está no grau de iniciativa, liberdade de ação e risco concedidos às crianças, ou na forma como se direciona a atividade lúdica com uma intenção pedagógica específica. Em ambos os casos, o brincar não é algo que se ensina diretamente, mas é por meio do brincar que as crianças aprendem de forma natural e eficaz.


Referências Bibliográficas

Barateiro, R.; Salvador, A.; Simas, A.; Pereira, B.; Pedro, Mª.; Azevedo, S.; Martins, S. (2021). Programa de Atividades Lúdicas para as Competências Pré-Académicas, Emocionais e Psicomotoras. PsicoSoma

Neto, C. (2024, July 26). Brincar não é uma disciplina curricular na escola. Sabado.pt;Sábado.https://www.sabado.pt/opiniao/convidados/carlos-neto/detalhe/brincar-nao-e-uma-disciplina-curricular-na-escola

Neto, C. (2024, April 12). O Brincar livre não se ensina, mas a brincar a criança aprende. Sabado.pt; Sábado. https://www.sabado.pt/opiniao/convidados/carlos-neto/detalhe/o-brincar-livre-nao-se-ensina-mas-a-brincar-a-crianca-aprende 

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