A Consciência Fonológica como Papel Fundamental na Aprendizagem da Leitura e da Escrita - PsicoSoma
Ao contrário da oralidade, a linguagem escrita exige um processo de aprendizagem. Esta aprendizagem é multimodal e envolve várias competências, como as cognitivas, psicolinguísticas, perceptivas e psicomotoras, entre outras, que possuem um elevado grau de complexidade.
É amplamente reconhecido que o êxito dessa aprendizagem está relacionado com a capacidade de manipular adequadamente unidades ortográficas, assim como unidades linguísticas, como as palavras, as sílabas em suas diversas formas e os sons da fala que as compõem. Portanto, para aprender a ler e escrever um sistema alfabético, é essencial "tomar consciência" de que a linguagem é constituída por essas unidades e que os caracteres do alfabeto as representam. Essa "tomada de consciência" é chamada de Consciência Fonológica.
O estudo e o desenvolvimento da Consciência Fonológica são essenciais, pois favorecem tanto o aprimoramento das habilidades linguísticas quanto o processo de aprendizagem da leitura e escrita. Essa aprendizagem "exige que as crianças desenvolvam conceitos sobre o código escrito como um sistema que representa unidades da linguagem oral" (Sim-Sim et al., 2008, p.53). O domínio do código escrito implica, portanto, compreender que ele reflete as unidades da linguagem falada. Assim, a habilidade de ler e escrever num sistema alfabético requer a capacidade de analisar conscientemente a estrutura fonológica das palavras da língua oral.
Compreender o princípio alfabético permite ao leitor proficiente decifrar palavras novas que encontra no seu dia a dia, incluindo pseudopalavras. Além disso, a partir de um conjunto limitado de grafemas, é capaz de escrever todas as palavras de uma língua. No entanto, como o sistema de escrita alfabética não oferece uma correspondência linear com a fala, algumas crianças encontram dificuldades em dominá-lo. Da mesma forma, uma criança que tenha dificuldade em analisar os sons das palavras faladas também enfrentará desafios na correspondência entre grafemas e fonemas.
A consciência fonológica e a aprendizagem da leitura estão ligadas por uma relação recíproca e interativa. Níveis iniciais de consciência fonológica estimulam o desenvolvimento das primeiras competências de leitura e escrita, que, por sua vez, contribuem para o aprimoramento de capacidades fonológicas mais avançadas. Esse processo ocorre de forma contínua, onde cada avanço em um dos domínios fortalece o progresso no outro, criando um ciclo de desenvolvimento mútuo e progressivo.
A consciência fonológica não deve ser vista como uma habilidade única, mas sim como um conjunto de competências distintas, cada uma com seu próprio papel no desenvolvimento da literacia. Diferentes níveis de consciência fonológica impulsionam o desenvolvimento de tipos específicos de competências literárias, sendo importante reconhecer e analisar cada componente separadamente para entender o seu impacto na aprendizagem da leitura e da escrita.
O momento ideal para implementar estratégias que promovam a consciência fonológica é durante o ingresso no Jardim de Infância e no 1.º Ciclo do Ensino Básico (CEB). Essas estratégias devem ser priorizadas como medidas preventivas para reduzir o insucesso escolar nessas idades. No ensino pré-escolar, é essencial focar nas maiores unidades fonológicas — palavras, sílabas e rimas. Já no 1.º CEB, o treino de consciência fonológica deve ser contínuo, gradual e diário, evoluindo das unidades fonológicas maiores para as intrassilábicas e fonémicas.
Nesse contexto, é fundamental que educadores, professores, psicólogos, terapeutas da fala e outros profissionais envolvidos no processo educativo das crianças conheçam e estudem as principais etapas do desenvolvimento da consciência fonológica. Esse conhecimento permitirá a criação de atividades de linguagem oral que favoreçam a compreensão do caráter segmental da língua. Além disso, é crucial uma colaboração próxima entre terapeutas da fala e educadores/professores para garantir uma intervenção eficaz e adequada, visando a prevenção de possíveis dificuldades de literacia.
Desta forma, a autora Catarina Rios, desenvolveu um “Programa de Promoção do Desenvolvimento da Consciência Fonológica”, com vista ao desenvolvimento de competências fonológicas em crianças de idade pré-escolar e 1.º CEB.
Este programa contempla um conjunto diversificado de exercícios dos diferentes níveis de consciência fonológica, organizados por ordem crescente de dificuldade, passíveis de serem utilizados com crianças em idade pré-escolar e escolar, com vista à estimulação de competências metafonológicas. O Programa de Promoção do Desenvolvimento da Consciência Fonológica é constituído por quatro tarefas - consciência da palavra, consciência silábica, consciência intrassilábica e consciência fonémica. Cada tarefa é, por sua vez, constituída por diversos exercícios. Cada um destes é antecedido por um exercício de treino, que prepara a criança para os exercícios que se seguem.
Considera-se que o programa constitui um instrumento de intervenção apelativo, adequado e eficaz, sendo uma ferramenta de trabalho que pode ser utilizada em contexto clínico e/ou pedagógico por educadores de infância, professores, terapeutas da fala, psicólogos e demais profissionais da educação que se interessem e se dediquem à temática da consciência fonológica.
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https://psicosoma.pt/editora/programa-de-promocao-do-desenvolvimento-da-consciencia-fonologica/
Referências Bibliográficas
Rios, C. (2023). Programa de Promoção do Desenvolvimento da Consciência Fonológica (3ª edição). PsicoSoma
Sim-Sim, I,; Silva, A. C. & Nunes, C. (2008). Linguagem e comunicação no jardim-de-infância. Textos de apoio para educadores de infância. Lisboa: DGIDC - Direção Geral de Inovação e de Desenvolvimento.
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